Jogadoras brasileiras deixam a Ucrânia e torcem por recomeço

Lidiane, Kedma e Gabriela estavam no país quando começou a invasão da Rússia, mas conseguiram sair
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Publicado em 01/04/2022 às 12h02

Quando a invasão russa começou na Ucrânia, três jogadoras brasileiras se viram no meio do caos. Lidiane Oliveira, Kedma Laryssa e Gabriela Zidoi jogavam pelo Kryvbas Women e tiveram dificuldade para conseguir sair do país, porque a cidade onde viviam foi cercada pelas tropas russas.

Foram dias de tensão e medo, mas elas conseguiram deixar a Ucrânia no início de março e agora estão em segurança no Brasil e Portugal — Gabriela tem família no continente europeu. O próximo passo é recomeçar a carreira longe da guerra e alcançar o grande objetivo: serem convocadas para a Seleção Brasileira.

Saída conturbada da Ucrânia

As brasileiras viveram momentos tensos na Ucrânia desde o começo da invasão russa. A cidade em que elas moram, Kryvyi Rih, fica a 400 km de Kiev e não era considerada um alvo principal, mas cidades vizinhas foram ocupadas por tropas da Rússia. Logo, houve um grande receio de não conseguirem sair.

O time que elas defendem estava com viagem marcada para a Turquia, onde fariam a pré-temporada, mas ela foi desmarcada assim que o conflito teve início. De acordo com Kedma, o hotel em que o time costumava ficar hospedado estava próximo de uma base militar, então todas as jogadoras foram transferidas para outro alojamento, que abrigou um total de 70 atletas.

Essas áreas foram bombardeadas posteriormente e os tremores foram sentidos do novo local. Após o início da invasão, os aeroportos foram fechados, então a única forma viável para sair da cidade era por trem.

Viagem de volta não foi fácil

A primeira tentativa para deixar a Ucrânia, no dia 2 de março, foi frustrada. De acordo com as brasileiras, a estação estava muito cheia e a prioridade de embarque foi para crianças e idosos. Logo, elas tiveram que voltar para o hotel.

No dia seguinte, porém, elas contaram com a ajuda de pessoas que falavam a língua local e conseguiram sair de trem. A viagem foi complexa, com os vagões lotados de pessoas buscando escapar do país, mas elas foram para Lviv, perto da fronteira, e depois conseguiram chegar à Polônia.

De lá, Gabriela foi para Portugal, onde seus pais moram, enquanto Kedma e Lidiane desembarcaram em segurança no Aeroporto de Guarulhos.

Trajetória das brasileiras no país europeu

As três jogadoras brasileiras defendiam o Kryvbas Women desde 2021. De Tiradentes-PI, a lateral-direita Kedma começou a carreira no Flamengo-PI e chegou em agosto para atuar na equipe ucraniana, depois de jogar o Brasileirão Série A2 pelo time da sua cidade.

Enquanto isso, Gabriela começou a carreira no Vila Nova, do Espírito Santo, mas teve uma grave lesão no joelho na sua primeira partida profissional. A recuperação da cirurgia durou apenas quatro meses e ela ainda teve passagens pelo futebol português, no Benfica e no Atlético Clube, até acertar com a equipe da Ucrânia.

Moradora da Vila Belmiro, em Ribeirão Pires-SP, Lidiane também tem longa carreira internacional. Ela chegou à Ucrânia em 2018, mas também jogou pelo Sala Saragoza, da Espanha, e voltou ao Brasil para jogar no Fortaleza. Por fim, antes de chegar ao Kryvbas, ainda vestiu a camisa do J.C. Futebol Clube, do Amazonas.

Busca por recomeço

O grande objetivo das atletas é alcançar a Seleção Brasileira. Como ocorreu no futebol masculino, elas devem jogar em clubes de outros países enquanto durar a guerra. Por sinal, Gabriela afirmou que já está acertada com um clube português.

“Vou continuar na Europa, vou jogar em um time de Portugal. Não vou parar, porque meu foco é chegar na Seleção Brasileira e não vou desistir”, disse a jogador à Gazeta do Espírito Santo.

Enquanto isso, Kedma Larissa, do Piauí, e Lidiane de Oliveira, de São Paulo, estão no Brasil e ainda não anunciaram seu futuro. O certo é que, durante o conflito entre Rússia e Ucrânia, as jogadoras não devem retornar ao país e podem acertar com times locais.