Jogador faz ataques homofóbicos contra Marta após eliminação do Brasil, é afastado e pede demissão

Atacante do Rio Branco-ES não se arrependeu da fala sobre jogadoras "queimarem no fogo do inferno", e afirmou não ser homofóbico por "ter vários amigos"
Publicado em 03/08/2023 às 22h46

 

O atacante Morotó, ex-Rio Branco-ES, fez comentário homofóbicos direcionados à jogadora Marta, após a eliminação precoce do Brasil na Copa do Mundo Feminina. Depois do ocorrido, o clube chegou a afastar o atleta, que pediu demissão mais tarde e mostrou não se arrepender do discurso.

 

O que ele disse?

  • Depois do empate sem gols com a Jamaica, que acabou eliminando a Canarinho do Mundial na última quarta (2), Morotó fez um comentário homofóbico sobre Marta e sua namorada, Carrie Lawrence, também jogadora de futebol do Orlando Pride.
  • O atacante ainda acrescentou que havia dito que o Brasil não seria classificado, afirmando ser uma “profecia" por ser um “homem de Deus".
  • Morotó foi afastado do clube após o episódio, e acabou pedindo demissão em seguida. Depois de tudo, o atleta publicou um vídeo afirmando não ser homofóbico e estar apenas “reproduzindo a palavra de Deus" (assista abaixo).
  • Com a repercussão, Morotó publicou um vídeo rindo da manchete de uma notícia que falava sobre sua demissão do clube após o comentário homofóbico.

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Atacante Morotó faz ataque homofóbico direcionado à Marta após eliminação do Brasil na Copa do Mundo. Foto: Reprodução/Instagram

Atacante Morotó faz ataque homofóbico direcionado à Marta após eliminação do Brasil na Copa do Mundo. Foto: Reprodução/Instagram

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“É uma pena que elas vão queimar no fogo do inferno. Será que elas conhecem a palavra de Deus? Eu sinto muito em dizer isso, mas todas elas vão para o fogo do inferno. Sinto muito, mas isso não são palavras minhas, são palavras do Senhor Todo-Poderoso, todas elas vão para o infern0", comentou Morotó.

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Rio Branco se pronuncia após fala homofóbica de Morotó

Depois do episódio, o clube informou o afastamento do atacante, além de divulgar uma nota repudiando a atitude de Morotó.

Após o pronunciamento do clube sobre as declarações do jogador, Morotó anunciou seu pedido de demissão em suas redes sociais, reiterando o discurso sem arrependimentos.

“Muitos achavam que eu viria aqui chorar e pedir desculpas, mas eu falei a palavra do Senhor… Quero aqui agradecer ao Rio Branco, porque o clube é maior que o Morotó, mas não é maior o Cristo Jesus… Não estou nem aí para o que vão pensar, se é LBGT ou sei lá. Estou tranquilo e vou continuar falando do Evangelho", afirmou.

O jogador ainda mostrou, rindo, uma notícia com a repercussão do ocorrido em seu Instagram. Confira:

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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em junho de 2019, criminalizar a homofobia, incluindo na Lei 7.716/1989, no artigo 20. A pena para quem “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" por conta da orientação sexual é de um a três anos de prisão e multa. Se praticado por intermédio de meios de comunicação, a punição pode chegar até cinco anos de reclusão.

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Leia abaixo a nota do Rio Branco, na íntegra:

“O Rio Branco Atlético Clube repudia veementemente as declarações particulares feitas de forma exclusivamente pelo atleta Morotó, e ressalta que não compactua com falas e ações homofóbicas.

Somos um clube que há 110 anos luta contra todo o tipo de preconceito. Temos por princípios a defesa da diversidade e da igualdade. O futebol precisa ser ambiente de acolhimento e respeito, por isso sempre reforçamos nosso posicionamento contra todas as manifestações intolerantes.

Entendemos que o futebol vai muito além das quatro linhas, pois tem o poder de mobilizar as pessoas e transformar vidas, sendo instrumento para fomentar a conscientização sobre os destrutivos impactos da discriminação.

O clube vem estruturando internamente o Núcleo Capa-preta Antidiscriminação (Nucad), que visa criar estratégias e ações para engajar o clube e sua torcida em questões importantes na sociedade brasileira, como a luta contra o preconceito, promovendo transformações sociais por meio do futebol.

O clube comunica o afastamento do atleta e, junto ao seu Departamento Jurídico, está analisando a situação de forma emergencial para tomada de demais ações.

Deixamos também nosso respeito à Marta, maior atleta de futebol feminino de todos os tempos."

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Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), iniciando a trajetória no jornalismo esportivo no Sambafoot. Já atuei em diversas editorias, mas minha...