Entidades que representam os jornalistas manifestaram repúdio à postura adotada pelo Flamengo nos últimos dias. Após o site UOL publicar uma matéria envolvendo o clube, profissionais de imprensa ligados ao grupo foram barrados no CT Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro.
A atitude da diretoria ocorreu em pelo menos duas oportunidades na quinta (23) e sexta-feira (24). Ao que tudo indica, a retaliação foi restrita ao UOL. Enquanto 0 treino do elenco profissional acontecia, representantes de outros veículos acessaram normalmente o local. O boicote repercutiu e diversas entidades se manifestaram, entre elas a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Confira a nota da ABI, na íntegra:
“A ABI, em seus 115 anos de existência, sempre se posicionou firmemente a favor da democracia e contra qualquer cerceamento à liberdade de expressão e ao exercício da função jornalística. Dessa forma, a ABI repudia a atitude da diretoria do Flamengo, que barrou a entrada da equipe do UOL para assistir ao treino do Flamengo. O clube liberou a entrada da imprensa, mas barrou apenas a equipe do UOL, e não deu uma justificativa oficial para essa atitude “.
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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também se manifestram:
“O SJPMRJ e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiam a atitude da direção do Flamengo que, na manhã dessa quinta-feira, 23/3, impediu a entrada da equipe de reportagem do UOL no CT Ninho do Urubu. O clube, que autorizou a presença da imprensa na parte inicial dos treinos, vetou a entrada da equipe do UOL.
De acordo com os jornalistas, a proibição seria uma represália à recente publicação de matéria sobre o incêndio ocorrido no Ninho do Urubu em fevereiro de 2019 e que resultou na morte de 10 meninos da base do Flamengo que dormiam no local.
Na matéria que gerou o impedimento da equipe de UOL, o engenheiro eletricista José Bezerra diz ter visto o CEO Reinaldo Belotti ordenar a retirada de partes de uma instalação elétrica problemática. A ação alteraria a cena do incêndio enquanto a perícia ainda acontecia.
Ouvido pelo SJPMRJ, Bernardo Monteiro, diretor de Comunicação do clube, disse que o UOL foi informado na terça-feira, 22/3, que hoje os jornalistas seriam impedidos de acessar as dependências do CT para cobertura dos treinos porque não houve retratação da acusação de que a cena do incêndio foi alterada.
Para o SJPMRJ e a Fenaj, a atitude dos dirigentes do clube não só desrespeita a liberdade de imprensa como ataca o jornalista em seu exercício profissional e seu compromisso com a informação bem apurada.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro
Federação Nacional dos Jornalistas”
Entenda o caso*
- A ação do clube acontece após a publicação da matéria em que o engenheiro eletricista José Bezerra diz ter visto o CEO Reinaldo Belotti ordenar a retirada de partes de uma instalação elétrica problemática. A ação alteraria a cena do incêndio no Ninho enquanto a perícia ainda acontecia;
- O clube foi procurado à época e as respostas foram publicadas pelo UOL;
- O UOL procurou o Flamengo e aguarda um posicionamento oficial sobre os motivos de o veículo ter sido impedido de entrar;
- O Rubro-Negro divulgou que haveria janela à imprensa nos treinos de quinta (23), sexta (24) e sábado (25), e em um deles terá entrevista coletiva.