O maior, o mais legendário, o principal estádio da maior nação do futebol. Nenhum superlativo parece ser forte o suficiente para qualificar o Maracanã, o coração do Brasil, o maior estádio do mundo.
A história do Maracanã é, antes de tudo, a história da Copa do Mundo 1950. De fato, a competição, relançada por Jules Rimet em 1946 após uma parada total das atividades da FIFA durante a segunda Guerra Mundial, foi organizada naquele ano no Brasil, único país candidato ao evento, num mundo sanguinário. Naquela ocasião, o Estado brasileiro decidiu construir um estádio gigantesco, imaginado pelos arquitetos Raphaël Galvão e Pedro Paulo Bernardes Bastos, o maior estádio do mundo, e por muito tempo, considerado como sendo o estádio que supostamente poderia acolher 200.000 pessoas. Na realidade, sua capacidade máxima exata é desconhecida. O Brasil afirma ser mais de 200.000, o Guinness Book diz ser 180.000, outros apostam ser por volta de 155.000. A primeira pedra do estádio foi colocada no dia 02 de Agosto de 1948, quando o Maracanã viu o dia pela primeira vez. Já era tempo: cinco semanas antes do início da competição, a FIFA recebeu no estádio o doutor Ottorino Barassi, presidente da Federação italiana de futebol e antigo organizador do Mundial italiano de 1934, a fim de que tudo ficasse pronto, principalmente o estádio, dentro do tempo previsto.
No dia 16 de Junho de 1950, as seleções de jovens de São Paulo e do Rio de Janeiro se confrontaram no jogo inaugural, sendo que a vitória foi 3-1 para o São Paulo. Foi Didi quem marcou o primeiro gol da história do estádio do Rio, uma obra à maneira de Didi: uma falta direta. Ele deu um forte chute com a ponta do pé, impossível de se defender, a bola subiu muito alto e, em seguida, foi na direção do goleiro, que não pôde fazer nada. Neste dia, o estádio ainda estava em construção, assim como no dia da abertura do Mundial a tribuna da imprensa ainda não estava terminada e os sanitários eram insuficientes. Mas isso não importava. O essencial estava pronto, a maior parte do estádio estava terminada (o resto esperara quinze anos para finalizar), a competição já podia começar.
Devido à desorganização das seleções nacionais no pós-guerra, somente treze equipes foram qualificadas. A URSS recusou participar da competição por motivos políticos, e a equipe da França, convidada para substituir os soviéticos, se considerou ainda bastante frágil para re-enfrentar este tipo de prova. A Índia recusou igualmente o convite após a resposta negativa da FIFA ao seu pedido para que sua equipe jogasse de pés descalços. Apesar de tudo, ainda houve um ponto positivo: pela primeira vez a Inglaterra aceitou participar das eliminatórias da competição, ao mesmo tempo em que ela se integrava à FIFA. A Inglaterra teve, assim, uma participação presente no Brasil. A curiosidade da competição residiu na organização de quatro rodadas, seguidas de um mini-campeonato entre os quatro primeiros times. A primeira rodada compreendeu quatro times (Brasil, Iugoslávia, Suíça e México), assim como a segunda englobou mais quatro (Inglaterra, Espanha, Estados Unidos e Chile), sendo que a terceira compreendeu três times (Suécia, Paraguai e Itália) e a quarta, somente dois (Bolívia e Uruguai). O motivo dessa repartição foi simplesmente financeiro. O Brasil havia exigido que o máximo possível de cartazes atraentes invadisse o Maracanã.
Outros jogos se sucederam: no grupo 01, Brasil-México (4-0, dois gols de Ademir, um de Jair, um de Baltazar; 82.000 espectadores) e Brasil-Iugoslávia (2-0, gols de Ademir e Zizinho, na presença de 142.000 pessoas); e no grupo 2, Inglaterra-Chile (2-0, 30.000 espectadores), Espanha-Chile (2-0, 16.000 espectadores) e Espanha-Inglaterra (1-0, 74.000 espectadores). O Brasil, que obteve um resultado de 2-2 contra a Suíça (que foi uma verdadeira revelação) em São Paulo, foi classificado para os próximos jogos. O fervor popular atingiu seu ápice, o que fez com que o governo declarasse feriado nos dias em que o Brasil jogasse. O grupo final foi composto pelo Brasil, pela Espanha, Suécia e Uruguai (qualificado logo depois de seu único jogo da rodada, contra a Bolívia, com uma vitória de 8-0!). Não podemos nos esquecer da eliminação dos ingleses, que tiveram pela primeira vez seu orgulho ferido em plena competição internacional, por terem sido os inventores do futebol, e que se viram derrotados pelos Estados Unidos (1-0) e pela Espanha (1-0). Um outro país lembrado pela falta de notoriedade: a Itália, que foi derrotada pela Suécia.