Nesta quarta-feira, o futebol celebra mais um ano de vida de Gerson de Oliveira Nunes, conhecido como “Canhotinha de Ouro", que completa 82 anos.
Ídolo no Botafogo, Flamengo, Fluminense e no São Paulo – embora seja assumidamente torcedor do Flu, marcou seu nome com troféus importantes, como o tricampeonato mundial com a seleção brasileira – sendo titular e marcando o segundo gol do Brasil, na final, contra a Itália, quatro campeonatos cariocas e um Brasileirão.
Além disto, em 15 anos como jogador profissional, entrou na galeria dos maiores artilheiros da história do Fogão. Também foi eleito o segundo melhor jogador da Copa do México de 1970.
Ainda mantém-se ativo e trabalha como comentarista esportivo, profissão que segue desde meados dos anos 90. Hoje, trabalha na Super Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, e coordena o Instituto Canhotinha de Ouro, que é parte do Projeto Gerson, que proporciona a inclusão de crianças por meio do esporte.
Estilo de jogo
Em campo, Gerson era cerebral. Seu estilo de jogo era de de longos passes e visão refinada dentro de campo. Para alguns, foi um dos pilares do meio-campo do Brasil de 1970, formado por Clodoaldo, Jairzinho e Rivelino,
Em um artigo escrito no ano de 2013, o jornalista Jonathan Wilson, autor de Pirâmide Invertida e outras obras, classificou o “Canhotinha" como um regente à moda antiga, comparando seu jogo com o do espanhol Xabi Alonso, ex-jogador, atualmente, técnico do Bayer Leverkusen.
“O primeiro desenvolvimento foi que os dois titulares de um 4-2-3-1 começaram a cair em uma das duas escolas: o destruidor e o criador, cujo exemplo clássico talvez tenha sido Javier Mascherano e Xabi Alonso no Liverpool […] ambos os tipos de jogador sempre existiram, é claro – Nobby Stiles, Herbert Wimmer ou Marco Tardelli sendo os primeiros exemplos do tipo Mascherano, muito antes de Claude Makelele dar um nome à posição; enquanto Gerson, Glenn Hoddle ou Sunday Oliseh podem ser vistos como as primeiras encarnações do tipo Alonso“, escreveu ao The Guardian.
Polêmicas
Gerson também tem seu lado polêmico. A primeira delas que marcou sua carreira foi com o peruano Orlando de la Torre. Em 1969, no amistoso vencido pelo Brasil por 3 a 2 contra o Peru, no Maracanã, os rivais sul-americanos perseguiram o então jogador do Botafogo.
E, como uma forma de revidar, acertou violentamente o zagueiro. O impacto da entrada foi marcante na vida do defensor que, quatro anos depois, teve que encerrar sua jornada no futebol.
“O De la Torre a bronca foi lá no Peru. Tudo começou lá. Ele me deu uma pancada sem bola e eu não consegui deixar lá. E aí, quando tive a oportunidade, foi aqui no Maracanã. E ele deu azar. Pronto, acabou. Azar foi dele desta vez. Foi pior que o meu azar. Ele era [violento]. E eu também tive que entrar“, afirmou ao ge.com, em 2016.
Orlando de la Torre faleceu em 2022, vitimado pelas sequelas de um derrame cerebral.
- Vila Rica
Outra história marcante é envolvendo a empresa de cigarros Vila Rica. Em 1976, já aposentado do futebol, Gerson foi estrelar uma propaganda da marca.
Ao detalhar e qualificar positivamente o fumo, afirmou que sempre “gostava de levar vantagem em tudo". A afirmação, mesmo que usada num comercial, pregou no imaginário do brasileiro, principalmente quando se remete a alguém que tenta burlar regras e leis para benefício próprio.
A minha vida foi num campo de futebol com 180 mil. Mas uns idiotas colocaram isso, que se você está numa fila e o cara entrou aqui “oh, levou vantagem. É a lei do Gerson". Lei do cacete, porra. Não tenho nada com isso aí. Não gosto dessa política safada que eles fazem aí. (Gerson – também ao ge.com)
Números
- Botafogo – 248 jogos – 96 gols
- Flamengo – 147 jogos – 83 gols
- São Paulo – 75 jogos – 11 gols
- Fluminense – 57 jogos – 5 gols
- Seleção Brasileira – 85 jogos – 19 gols
Amado ou odiado, uma coisa é certa: o “Canhotinha" terá um espaço entre os maiores jogadores da história do futebol brasileiro.
Parabéns, Gerson!
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