Durante muito tempo era muito complicado para os clubes brasileiros vencerem a Copa Libertadores da América. Isso fica comprovado quando formos analisar qual é o país que mais vezes venceu o torneio: a Argentina, 25 vezes, três a mais que o Brasil.
O mesmo acontecia na Copa Sul-Americana, por diferentes razões. Enquanto na Libertadores os clubes enfrentavam verdadeiras “praças de guerra” quando iam jogar fora de casa, na Sul-Americana, torneio mais recente, os times brasileiros costumavam desvalorizar o certame.
Os brasileiros dominaram os torneios continentais
Mas a história mudou. Hoje, os brasileiros entram em campo, tanto na Copa Libertadores, quanto na Sul-Americana, como os principais candidatos ao título. Repare no ano passado, por exemplo, em que os finalistas de ambos os torneios foram todos clubes brasileiros.
Enquanto o Palmeiras venceu o Flamengo na decisão da “Liberta”, o Athletico-PR derrotou o Bragantino no segundo torneio mais importante da América, a “Sula”. E, esse ano, se formos analisar os quatro clubes envolvidos nas decisões desses torneios, três são brasileiros.
O Flamengo chegou na final novamente, mas, agora, vai enfrentar o atual campeão da Sul-Americana: o Athletico-PR. Já na outra competição continental, o São Paulo vai representar o Brasil na decisão contra o Independiente Del Valle, do Equador.
A decisão do principal torneio da América do Sul será em 29 de outubro, enquanto a da “Sula” será um pouco antes, no dia primeiro. Mas, a pergunta que não quer calar é, por qual razão os clubes brasileiros dominaram os torneios continentais nos últimos anos?
A razão do domínio brasileiro
Os clubes brasileiros arrecadam anualmente muito mais do que os concorrentes. Isso acontece devido, principalmente, a economia de cada país – a brasileira é a maior do continente. Outra razão é a população tupiniquim ser a maior das Américas e, consequentemente, os clubes terem mais torcedores.
Para se ter uma ideia, a Sports Value, empresa brasileira especializada em marketing, avaliação de marcas e propriedades esportivas, fez uma comparação, em 2020, de receitas entre os principais clubes do futebol brasileiro e argentino – maiores rivais da América do Sul.
O Flamengo havia arrecadado, no ano anterior, um montante de US$ 236 milhões (cerca de R$ 944 milhões na época), contra US$ 99 milhões (cerca de R$ 396 milhões) do Boca Juniors, um dos principais clubes da Argentina.
Ter acima de R$ 500 milhões disponíveis a mais em comparação a esse rival, em específico, para investir em seu elenco faz, sem sombra de dúvidas, toda a diferença na hora de montar uma equipe.
Argentinos reclamam e cobram mudanças
Os argentinos, que antigamente dominavam o futebol sul-americano, hoje não gostam nem um pouco de ver os clubes brasileiros levantar taças continentais praticamente todos os anos. E, é claro, eles querem mudanças.
Recentemente, a ESPN Argentina cobrou da Conmebol, organizadora da Copa Libertadores e da Copa Sul-Americana, mudanças no regulamento das competições para que os clubes de outros países voltem a ter chance de disputar os títulos.
As mudanças não devem vir, mas os argentinos queriam que os torneios voltassem a ser disputados como eram antigamente, até a década de 90, com apenas dois clubes representantes de cada país na Copa Libertadores da América.
O retrospecto recente dos brasileiro nas competições sul-americanas
Desde 2017, dos seis títulos de Copa Libertadores, cinco vieram para o Brasil – já contando com a atual final entre brasileiros. Apenas em 2018, quando o River Plate levantou a taça, o campeão não foi daqui.
Já na Copa Sul-Americana, caso o São Paulo vença o Del Valle, o Brasil terá três títulos contra dois da Argentina e um do Equador. Confira, na lista abaixo, o atual retrospecto do Brasil nos dois torneios mais importantes do nosso continente.
Caso a diferença de arrecadação entre os clubes brasileiros e os outros países do continente persista, a tendência é que, cada vez mais, vejamos nossas equipes serem campeãs do principais torneios da região. Ou será que a Conmebol cederá à pressão dos argentinos e mudará os regulamentos?