A torcida do Atlético-MG está na expectativa pela inauguração do seu novo estádio, que deve ocorrer em março de 2023. Com a Arena MRV, o clube mineiro será o próximo grande time a ter o seu próprio espaço.
As obras estão indo bem e podem terminar no fim de 2022, mas os valores do projeto aumentaram consideravelmente desde o início da construção — há dois anos e meio. Então, como avaliar o custo-benefício do estádio do Galo?
Arena MRV ficou mais cara do que o planejado
Maior projeto do Atlético-MG, a Arena MRV estava orçada em R$ 410 milhões quando foi apresentada. Agora, esse valor mais do que dobrou e está previsto gastar R$ 926 milhões para levantar o estádio.
Alguns fatores explicam esse aumento. Um deles foram as contrapartidas solicitadas pela Prefeitura de Belo Horizonte, que são necessárias para concluir o empreendimento. Há um grande esforço para fazer intervenções viárias no entorno do estádio, por exemplo.
De acordo com um material produzido pelo clube para captar investimentos, cerca de R$ 150 milhões do orçamento vieram dessas contrapartidas. O estádio também teve sua capacidade aumentada de 41 para 46 mil torcedores.
Além disso, a pandemia de Covid-19 impactou no andamento do projeto. Os valores de matérias-primas aumentaram e houve dificuldades para conseguir funcionários nas obras.
Galo busca investimentos para finalizar as obras
De acordo com Rodrigo Capello, do GE, o Atlético-MG precisa levantar R$ 240 milhões para concluir o estádio. Os valores fazem parte da segunda rodada de investimentos para a Arena MRV.
O objetivo é conseguir os valores pela negociação de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). Eles são títulos de dívida, mas que têm relação direta com a arrecadação da Arena.
Ou seja, o investidor recebe garantias de pagamento em cima da compra de ingressos e da venda de camarotes, por exemplo.
Esse foi o mesmo dispositivo usado na primeira rodada, em dezembro de 2021. Na ocasião, o clube recebeu investimentos na casa dos R$ 200 milhões.
Galo levantou R$ 500 milhões com antecipações e ajuda de empresários
Mais da metade do valor estimado da Arena MRV não teve investimento direto do Atlético-MG. Um aporte de R$ 278 milhões do clube veio da venda do Diamond Mall, em 2020.
Então, a MRV adiantou os naming rights (R$ 43 milhões) e Rubens Menin, um dos donos da empreiteira, doou o terreno (R$ 21 milhões). Os outros R$ 169 milhões vieram da venda antecipada de cadeiras e camarotes, o que totaliza R$ 511 milhões.
O valor era suficiente para pagar o projeto inicial, mas com todas as mudanças, o Galo precisou buscar o dinheiro restante no mercado.
Arena deve ficar mais barata do que estádios da Copa de 2014
Para ter uma noção dos custos da Arena MRV, é importante comparar com outros estádios do país. Sem dúvida, as obras realizadas para a Copa do Mundo de 2014 são um ótimo exemplo.
A Neo Química Arena e o Mané Garrincha ultrapassaram R$ 1,5 bilhão. A reforma do Maracanã também chegou próxima a esse valor. Vale destacar que há suspeitas de superfaturamento nas obras.
Por outro lado, a Arena do Grêmio e o Allianz Parque, que não sediaram a Copa, ficaram entre R$ 600 milhões e R$ 700 milhões. Isso indica um custo mais baixo do que a Arena MRV, mas a subida da inflação deve ser considerada.
Afinal, o estádio ficou caro ou barato?
Tendo em vista esses dados de comparação com outros estádios, junto com os valores corrigidos das obras, é seguro dizer que a Arena MRV não é cara.
O valor inicial de R$ 410 milhões e até o valor corrigido de R$ 650 milhões, que estava previsto em abril de 2022, deixariam a obra como uma das mais eficientes do país.
Porém, com a nova estimativa de R$ 926 milhões, a Arena MRV vai ficar na média de outros estádios construídos. A capacidade é quase a mesma que o Allianz Parque, por exemplo.
De qualquer forma, a obra dá um banho nos estádios da Copa do Mundo, que custaram bilhões de reais e alguns clubes ou empresas sofrem para pagar.
Resta saber se o Galo vai conseguir pagar normalmente os investidores.