Análise: Dos nomes especulados, Ancelotti é a melhor solução para a seleção brasileira

Treinador do Real Madrid tem um estilo de jogo que se encaixa com a escola brasileira
Publicado em 12/05/2023 às 22h31

Nesta semana, se completou cinco meses desde a saída de Tite do comando da seleção brasileira. O treinador, de certa forma, saiu pela porta dos fundos: foi eliminado duas vezes seguidas nas quartas de final da Copa do Mundo. Em 2018, cair para a Bélgica não era considerado um vexame, pois muitos dos jogadores belgas estavam no auge da carreira. Mas, em 22, cair para o limitado time da Croácia pode sim ser considerado um vexame. Principalmente pela expectativa em torno do hexacampeonato.

Desde então, diversos nomes pipocaram como possível técnico da seleção brasileira. O nome que é o preferido do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, é Carlo Ancelotti, do Real Madrid. E, na visão deste que vos fala, é a melhor escolha para o Brasil.

Tite fracassou em duas Copas do Mundo abraçado na lógica do jogo posicional, que está espalhado em todo o mundo. Principalmente em 2022, Tite montou uma seleção brasileira que apresentava o que de mais “moderno” havia na tática. Moderno, entre aspas, porque nem é tão novo assim a forma como alguns times jogam.

Basicamente, Tite montou uma seleção brasileira para se mostrar para a Europa e dizer: “Estou pronto para treinar um grande clube europeu”. Time com saída de bola 3-2-5, pontas espetados, bola girando de um lado para o outro em busca da superioridade númerica, um craque (Neymar) para romper as linhas com o improviso. Além disso, Tite queria ter o controle do jogo. Nada saia sem que tivesse sido treinado ou desejado pelo técnico.

Não deu certo. O fracasso de Tite na Copa do Mundo mostra um desafio que o posicional está enfrentando em vários locais: não dá para controlar o futebol. O improviso, ainda, é o ponto determinante para muitos resultados. O título da Argentina mostrou muito isso: os argentinos jogaram como os argentinos, dentro daquilo que os torcedores se acostumaram a ver e valorizar no país.

Por aqui, por mais que as vitórias vinham, a seleção não empolgou. Faltava algo. Faltava o jogo brasileiro. O drible, o improviso, o 1 x 1, o jeito “moleque” de jogar. Vini Jr e Rodrygo, que fazem isso com primazia no Real Madrid, nunca reproduziram com a camisa pentacampeã o mesmo nível de atuação que têm na Espanha. Tite não dava liberdade para eles serem o que são: jogadores brasileiros na sua essência.

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Ancelotti, mesmo sem ser brasileiro, pensa futebol da maneira como nós pensamos: tem que ser jogado com as qualidades de cada um. Ou seja, o trabalho do treinador é potencializar os seus atletas. Isso significa colocá-los nas posições que mais gostam e mais podem render. É deixar que o improviso faça a diferença.

Ao invés de tentar controlar o jogo, Ancelotti deixa a partida nas mãos, e nos pés, dos jogadores. Basta ver o Real Madrid. Em diversos momentos, Vini Jr, Rodrygo e Benzema estão próximos, dialogando e construindo jogadas. São os craques do time. Precisam estar próximos. Se fosse Tite, Vini Jr ficaria preso na esquerda, Rodrygo na direita e Benzema espetado como centroavante. Não renderiam, provavlmente, tanto quanto rendem com Ancelotti.

A discussão não é entre jogo posicional e funcional. A discussão é: que futebol que queremos na seleção brasileira? O Real Madrid, de Ancelotti, está muito mais próximo do que nos encanta do que a seleção de Tite esteve nos seis anos que o treinador comandou o Brasil.

E nas entrevistas, Ancelotti deixa claro que pensa o futebol dessa maneira: os jogadores são protagonistas, não o treinador. E, nos nossos títulos mundiais, os brasileiros sempre foram os destaques. Os treinadores foram importantes, mas assumiram papel coadjuvantes. E em todos os títulos, os jogadores foram potencializados para trazer o troféu para cá. Cinco vezes (número de conqusitas que temos) não podem ser tratados como meras coincidências.